“ ENVOLTO “

Saborear sob o causticante sol da chuva o cheiro é discernir ainda envolto como carta envelopado pela roupa e úmido suor seu frescor a ouvir o que ouve a pele desejando que sobre ela se derrame e tão logo venha e se revele em brandura o calor a reverter

Quando erguem-se do corpo os fios a captar seus sinais em uma erupção de súplica clamando a que lhe venha encharcar tornado visível sua presença e real a anunciação de sua chegada

Valha-me  desde caos e fervor que a ti fez em chuva se tornar pois de mim sei que em ti há mesmo que não em tão expressiva escala qual rio mar pequenas gotas de meu ser extraídas pelo mesmo sol que se quer ao chão me permitiu ver tocar para entender

E digo não o farei como já citado em outro momento desviando-me de teu abraço pondo-me entre os pingos sem por eles tocado ser mas de abertos braços acariciar-te-ei de mim receptivo ao teu afago com o qual desta terma força vens me valer

Sei bem dependente de ti ser tendo os pés neste chão
intenso jardim frutífero onde fui plantado e por ti cercado entremeado por teus frenéticos freáticos veios fluidos sob mim esteio
donde parte que de mim não vejo alimentas com teus beijos por me amar

Bem como ao redor não somente eu mas tantas outras espécies clamam a que tenhas dó e por ingratidão isto não tomes estas pobres mulheres paupérrimos arrimos homens quando a chuva pedem por sentir-se só

Traga contigo chuva inspirações não turvas mero nevoeiro a nos ofuscar te peço tragas intenções todas elas claras ricas e loucas estas com as quais tu calas tempestuosas impetuosas vagas da vida tão intenso mar

Chova sobre a terra e alcance teus arautos bravos e torne em canção cada gota tua vista as almas nuas cure-as por teu viço a estes corações dilatando as veias pulsando mais forte mudando sua sorte por tua inspiração

Entorne de teu cálice não somente gotas mas encharque a estes pobres corações torne-me instrumento a que não mais lamentos ouça da-me esta intenção

Sim te quero em mim chuva de prazer que me toma o sono a me compreender envolto de tuas águas sim quero viver

Não me importa a dor mas sim o calor com o qual me enlouqueces quando envolto de ti me tomas só não te esqueças que pequeno sou e ouça minhas presses quando de ti me trouxer a tona

Enquanto aqui mantido for não somente aos ascendentes sustenidos em sol me eleve mas também aos suaves descendentes graves em fá me entregue de teu bem o que desejares apreciar

Te entregues a mim e a alvorada assim como a noite amada será e não mais lamento haverá por parte do dia ou tarde sacia-me e me conforte em tuas águas e assim aos teus delas dê e apreciaras ao sacia-las envoltas de teu querer

Aos teus cuidados sei estar tal qual aos que queres alcançar então em tua harmonia
abrace-nos envolva-nos e ponha-nos a cantar teu ar até que envoltos deste bem que nos sustém venhamos estar

Tito Trugilho, 06 de dezembro de 2021.