PASSANDO PARA DESEJAR...

Passo por aqui passo a passo no remanso trato no que diz-se farto do que a vida tem a dar.
Tenho vida, respeito, feijão, um ovinho frito, farinha e paz.

Esbanjar não se espante, disso não sou capaz. Somente quem à vida teve que pedir licença, levantar a bandeira branca, ou pedir para esperar um pouquinho enquanto passava um pouco da dor, sabe a ela dar mais que seu devido valor.

Aquele brinquedo caro que aos olhos faziam brilhar, logo logo perdiam o brilho ao cruzarem os pés a esquina que lá nos faziam lhe deixar, não os sonhos de criança mas aquela lembrança que a inspiração viria a instigar para os nossos próprios divertimentos criar com os pedaços ou retalhos, que das costuras ou sobas de massas em seus traços, imensas construções nos permitir criar.

Fartos sempre fomos de sonhos e encantos que nos permitiram aqui chegar.

Passo, para deixar aquele caloroso abraço cujos braços aos meus e aos nossos não nos permite alcançar, e para dizer o quão próprios meus são os que além de me serem entregues aos cuidados ao meu lado quiseram permanecer, estar, ficar.

Para desejar uma boa noite após lhe dizer bom dia, para tecer os traços que com estes passos a vida fia seus novos panos, e os remendos do que aos poucos se esvazia mesmo ainda podendo se recompor em seu lugar.

Para se encantar com as lágrimas de alegrias e reencontros e refletir-me ao espelho de sorrisos francos que fazem retinir sussurros e findar as correntes do derramar de uns poucos prantos.

Passo, apenas passo enquanto o coração pede para que aqui fique, por sentir-se envolto em teus abraços.

Passo, e ouço dos que nesses caminhos por onde vim continuam sua jornada, por aqui ficar e me alimentar de um punhado deste bom bocado que me tem a dar, pois comigo trago do que desta vida sou farto e não me é por fardo, mas por porção que trago para nos saciar a fome ao bom paladar.

Passo, para por aqui mesmo ficar, me fartar e de meu pão compartilhar, por saber que daqui sairão muitos seixos que a tantos vão alimentar.

Passo, vou, volto e fico e neste chão minhas estacas finco, para aqui viver cantar e amar, aos amores e amantes deste sarau que vive a se encantar, com o nascer e o por do sol e o luzir deste lindo luar.

DESEJAR BOA NOITE.

Tito Trugilho, 30 de setembro de 2020.