DA NATUREZA AO NATURAL
DA NATUREZA AO NATURAL
Aos pares de melos e a melanina a zero, tão suaves a fluir sua beleza esbanjando o sútil colorido de seus gomos quando dizem:
- Flores somos.
Estes não tão saborosos assim, por champignons não serem, de tanto se gabam em formosura, sendo apenas meros cogumelos de uma furtada textura.
- Um momento, porque chamas mero, se para vir do tronco ou rocha muito me esmero?
Pelas fendas da penha ou frestas das crespas cascas de espessas árvores, de onde por minha raiz tão presto venha, não há vez não peço senha, venho broto meu rebento, pois de mim não se desdenha.
Me detenhas somente em teus álbuns só, e nesta mera foto, isso sim, pois aqui me esmero em minha linda tês, qual tecido de filó.
Sei mesmo o que queres. O que de tua parte, não fazes e arrancas, com tuas garras cegas toscas, vis e banais, o que a vida mãe serena fez nascer em seus quintais.
Queres tirar-me para plantar num vasinho tão pequeno, tirando de seu lugar de paz onde se banha de sereno, sem quer se preocupar se neste frágil corpo que arrancas, permanecerá a vida com a qual te encantas aqui em meu habitat.
Se de mim tanto queres a companhia, intente neste lugar teus pés plantar. Te aconchegues a terra e ao meu lado venha viver, sob as sombras desta vinha, e asas demos as resenhas do amanhecer ao luar.
Alimento aqui terás e não mais serás sozinha, planta bruta amada amante, sem temer erva daninha.
Mãos humanas de desumanas unhas, lâminas, pás e pés, que matam e se quer ficam de luto, os que com suas patas vivem livres pela relva destes pastos, ao fugirem de ti astuto, a estes poderás observar em quietude, por ver-te livre de teu mal é agora em plenitude.
Sentirão o calor dos pés desnudos ao acariciar o chão.
Protegida planta forte, se queres e amas a vida, esqueça a morte, não tomando-nos em tuas mãos, mas juntando-se a estes que ainda vivos aos teus pés estão, podendo ouvir a nossa voz ao tocar do coração.
Regue tuas árvores, plantas e flores, para colheres os frutos e os amores de tua vida, que te trarão a desejada paz, cantando tua vida qual canção tenaz.
Tito Trugilho, 04 de janeiro de 2020.
Tito Trugilho
Enviado por Tito Trugilho em 04/01/2020
Alterado em 04/01/2020