O QUE VÊS
O QUE VÊS
Uma escada de pétalas, um cacho vertical, um buquê estendido. Qual seria a serena resposta desta musa, ao ter subtraido da paisagem seu olhar ao sair das águas, contemplado este mato florido, erguido exuberante, imponente viril.
Seria uma imagem gentil ou um ultrage, um galho mesmo verde aparentando nenhuma beleza em si, sendo chamado de tão belo por ser o estandarte destas flores?
Responde o galho em sua realeza:
- Sou eu para ela em teu ver, apenas isto?
Me chamas com teus próprios lábios belo, porque isto o sou. Estas belas beldades nas pontas de meus finos galhos, são os adornos, que preparo em minha essência para que venham florir na primavera.
Com o que a de mais artificial e despendioso, estas de tua espécie assim como tu, sem ter em si as virtudes da terra assim como eu, se entregam nas mãos de outras da mesma linhagem para ter o que a terra me dá ao natural, e nem por tal te vejo com olhos ímpios.
Para ver toda esta paisagem, precisas não apenas de teus olhos.
Para contemplar sua essência, precisas da ótica não simplesmemte do que diante de ti se posta ou tu te prostras.
Deves olhar de dentro para o que de dentro vem, não tendo apego ao somente aparente.
Vejo o quão belas és, sem nenhum de teus artifícios deixado as águas.
Sugiro que junto a estes que aqui ficaram, deixares também tuas magoas, para em fim trilhar teus caminhos sem peso, sem dor, sem ais.
Diga-me então o que vês agora nesta tão linda e exuberante flora, que te contempla ao sorver o teu mais puro olhar, tendo te alcançado ao ter teu tempo nesta preciosa prosa.
Respondendo agora contrita disse:
- Vejo paz.
Tito Trugilho, 05 de outubro de 2019.
Tito Trugilho
Enviado por Tito Trugilho em 05/10/2019
Alterado em 03/11/2019
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