Tito Trugilho
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ESTE MICO QUE VOS FALA



       ESTE MICO QUE VOS FALA




        Observando minha casa sobre um dos galhos colocados aqui pelos homens me indiquei sem resposta.

        Por que tem este tanto medo de cair?

        Será porque não possui uma calda que o auxilie?

        Se acaso tivesse poderia além de andar por aqui, subir e compartilhar com seus amigos macacos um bom passeio entre as árvores.

        Eles vivem em um tipo de habitat improvisado, colorido e sem folhas. Suas árvore tem tantas formas e tamanhos que vendo-os presos dentro delas, ficamos sem saber se por ela foram presos, ou enlouquecidos se encarceraram.

         Lá existem luzes até quando o sol se põe. Umas até falam com eles, e curiosamente respondem como se outro de sua espécie com eles estivéssem presentes.

        Sorriem, cantam, agem em sintonia com um vazio preenchido por aquela luz.

       Seriam irracionais?

       A água entra misteriosamente naquele lugar, e sai pelas paredes ao tocarem em objetos brilhantes, e quando sai de sua estranha árvore tem cheiro de morte.

       Bem diferente da que por nós passa no riacho, deve ser pelo tamanho daquele habitat talvez, tão compacto e tão cheio de grades que eles mesmos, não sei se hipnotizados ou conscientes o fazem, fexam e com um pequeno metal que carregam consigo como se um chocalho fosse, colocam dentro daqueles ferros se trancando como sentenciados.

        Quanto a este galho frio em que estou, não o vi crescer.  Uns outros iguais a estes colocaram enquanto eles mesmos a estranha espécie de árvore, caverna expoxta, ou não sei do que devo chamar, ponham de pé.

       Os vi abrir o chão como se fossem plantar, e cada vez mais o buraco ficava maior, e muitos outros foram sendo feitos iguais ao primeiro.  Dentro de cada um deles, um animal bem grande e barulhento como um elefante, com sua tromba despejava um líquido estranho. Sua cor lembrança o céu bem escuro preparando uma chuva intensa. Curioso foi ver, aquele mal colocado para fora por um bicho tão estranho, ficar duro como uma pedra, e todas elas tinham uns espinhos grossos e diferentes, pareciam cipós que mesmo não estando amarrados a nada acima deles, ficavam de pé.

         Passado um tempo, muitos outros animais estranhos estiveram aqui, presos aos seus rabos. Não entendia por que não fugiam quando as criaturas os soltavam.  Ficavam esperando serem pegos novamente, e quando o faziam, obrigavam-lhes a, mesmo sem querer, entre os gritos de desespero, morder e fazerem pedaços menores, aquelas pedras finas, que também tinham cores diferentes, bem como pedaços de troncos e galhos com os quais esta árvore estranha e de luzes noturnas era feita.

       Seres esquisitos.  Precisam mudar de pele não só uma, mas várias vezes por dia. Se molham, ficam brancos e cheios do que passam pelo corpo, e depois a misteriosa água que sai da parede tira de seus coroos, aquilo que parecia coçar muito enquanto era esfregado sobre si.

       Para fazerem suas árvores derrubaram tantas outras, que me fizeram medo.  Alguns deles falam sorri do o que vi aço tecer de verdade, sem poder fazer coisa alguma: - Meu mundo caiu!

       Alguns micos filhotes que estavam soltos de suas mães morreram da queda ou foram capturados por estes seres sem calda.  O mais absurdo  de tudo, era vê-los chamar de fofura e de lindo, nossos filhotes enquanto os prendiam, em pequenas estruturas desse cipó, igual aos que seguram a árvore de cores.

       Por isso paro aqui as vezes, nesse galho gelado e sem vida, buscando respostas que não sei se um dia vou ter.

       Só vejo outras árvores serem plantadas com estes sipós, e animais que gritam sem querer fugir, contemplando meu verde ser devorado por elas, vendo a vida querer sair até de mim.

        Era tão lindo o meu lugar!


Tito Trugilho, 07/07/2019.


    
Tito Trugilho
Enviado por Tito Trugilho em 07/07/2019
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